22/07/2011

procurando ecos estridentes e berrantes.

procuro
entre as esquinas de domingo sem eira
dentro do meu copo vazio na lapa, sem beira
como em qualquer êxtase falso, como num filme dublado na madrugada
procuro
nas noites de sexta, em ipanema silenciosa
no inferninho suburbano da minha alma escandalosa
nos beijos que roubo sem gosto de framboesa
no sexo sem gosto de bala halls preta
procuro
em encruzilhadas repletas de putas tragando
nos jogos de tarô sem a carta do amor
ou naqueles mágicos que trazem a pessoa amada em 12 hs
procuro
coração vazio para entrar com meu free jazz canhoto e barulhento
corpo quente no inverno glacial para entretenimentos do cotidiano
e alguma luz de lampião iluminando a tal região de conforto chamada abismo
procuro
no colo de seios fartos de ecos estridentes e berrantes
para deitar e dormir
e acordar aninhado, preencher vida e fazer nós sem arrebentar no meio do caminho.

4 comentários:

Gabriela Freitas disse...

que encantador, que lindo.

Érica Araújo disse...

que lindeza isso o que disse... confesso que me emocionei. o poeta quando escreve aquilo que é seu, mas que também é humano, toca a todos os que são sensíveis e já partilharam daquilo.

" no colo de seios fartos de ecos estridentes e berrantes
para deitar e dormir
e acordar aninhado, preencher vida e fazer nós sem arrebentar no meio do caminho. "

Ps.: também quero nós sem arrebentar no meio do caminho, mas penso às vezes que se alguns não se arrebentam, novos enlaces (também maravilhosos) não poderiam se conceber, não acha?

bjs

Érica Araújo disse...

Nós para os poetas (dramáticos como nós.. rs) e laços para os meros mortais. Apenas um probleminha de definição, que pode ser resolvido com facilidade.

bju

Érica Araújo disse...

Aí vai depender do que te agrada mais, se laço ou nó. Até porque o tempo de reflexão das duas palavras, para se lapidar uma definição, talvez seja desenecessário, uma vez que só uma delas irá te interessar.