10/10/2012

valentina g.


Brinda o amor com chutes no ar, sai fodida entre os escombros, como se fosse o cenário de Roberto Rossellini em  ‘Roma, cidade aberta’, solta gritos desesperadores em seu vestido vermelho apertado e curto. Na sala, cola fotos de celebridades nas paredes. No chão, várias cores de lingerie, não há pudor nos colos que leva amargura, não há pudor para deleites. Fuma seu cigarro com gosto de motel de quinta na janela, pensando na próxima foto para botar na parede, qual é a celebridade que merece ficar no seu “hall da fama dos fracassados, bêbados, drogados e sacaneados na vida”? E qual lingerie vai posar para a próxima trepada solitária com arranhões e lágrimas marcadas? A resposta é silenciosa, cortante e fria. Antes de dormir, se masturba todo santo dia, como ela própria denomina de ‘siririca para abrir a porta dos sonhos’, depois de chegar ao temido orgasmo que provocam terremotos em todo prédio, se espreguiça como uma gata manhosa. Em sua pequena morte, chupa os dedos para deixar lambuzada sua boca, que diz palavras doces e no volume baixo. Dormiu, porque amanhã tem mais. 

4 comentários:

Leoa disse...

"pequena morte"


delícia de leitura.

Rayanne Albuquerque disse...

Texto forte, bela arte.

júlia vita disse...

Incrível.
"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com aquilo que fomos
E com aquilo que somos nós."

Phany disse...

E amanhã de novo, amanhã todas as noites.