Brinda o amor com chutes no ar, sai fodida entre os
escombros, como se fosse o cenário de Roberto Rossellini em ‘Roma, cidade aberta’, solta gritos
desesperadores em seu vestido vermelho apertado e curto. Na sala, cola fotos de
celebridades nas paredes. No chão, várias cores de lingerie, não há pudor nos
colos que leva amargura, não há pudor para deleites. Fuma seu cigarro com gosto
de motel de quinta na janela, pensando na próxima foto para botar na parede, qual
é a celebridade que merece ficar no seu “hall da fama dos fracassados, bêbados,
drogados e sacaneados na vida”? E qual lingerie vai posar para a próxima trepada
solitária com arranhões e lágrimas marcadas? A resposta é silenciosa, cortante
e fria. Antes de dormir, se masturba todo santo dia, como ela própria denomina
de ‘siririca para abrir a porta dos sonhos’, depois de chegar ao temido orgasmo
que provocam terremotos em todo prédio, se espreguiça como uma gata manhosa. Em
sua pequena morte, chupa os dedos para deixar lambuzada sua boca, que diz
palavras doces e no volume baixo. Dormiu, porque amanhã tem mais.
4 comentários:
"pequena morte"
delícia de leitura.
Texto forte, bela arte.
Incrível.
"Pra dilatarmos a alma
Temos que nos desfazer
Pra nos tornarmos imortais
A gente tem que aprender a morrer
Com aquilo que fomos
E com aquilo que somos nós."
E amanhã de novo, amanhã todas as noites.
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