30/06/2010

Não, não aguardo a sua média urgência, muito menos me contentar com esse copo pela metade que me oferece na escuridão da esquina, desse bar que mais parece um cortiço, pior que eu gosto, mas você faz uma cara de quem só quer se dedicar algum pequeno tempo de sua vida, porque o resto é só prisão. Meu castelo é grande demais, meu céu é alto e minhas águas não são daqueles riachos que costuma nadar, tão raso que um mergulho basta, o meu é mar, vai além da região abissal, compreende? Não. Não é capaz disso porque aí é tudo medo, é uma melindrosa a qualquer toque mais áspero e bebida mais amarga, eu não gosto assim e sabe muito bem minha cara de não me comovi por esses seus trejeitos, para mim tudo é mais, enquanto para você é menos, que se contenta com o óbvio, ainda bem que hoje não figura mais entre os meus dedos, se encontra longe e assim sua saúde agradece não ter um coração a ponto de explodir por esse sentimento que sangra, tortura, fascina e sorri tão cinicamente que é meu amor tortuoso, que pode durar "eternamente" seja por uma hora, oito meses, três anos ou um breve diálogo enquanto você anda com sua cadela toda santa noite.

7 comentários:

Juliana Lima disse...

Meu castelo é grande demais, meu céu é alto e minhas águas não são aqueles riachos que costuma nadar, tão raso que um mergulho basta, o meu é mar, vai além da região abissal, compreende?

AMEI TEU TEXTO, AMEI ESSA PARTE...
TUAS PALAVRAS SÃO TÃO SOLTAS E AO MESMO TEMPO AMARRADAS... ESCREVES MUITO BEM!
ABRAÇOS

Mayara Almeida disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Mayara Almeida disse...

Ler seu texto, me esvaziou.Como se eu fosse o personagem dessa história e dissesse com todo o sentimento cada palavra.

Obrigada pelo esvaziamento que por acaso, eu tanto precisava. Serviu pra aliviar um pouco do que tenho de urgente em mim.

Kerolainne disse...

...é meu amor tortuoso, que pode durar "eternamente" seja por uma hora, oito meses, três anos ou um breve diálogo...

- Combina comigo, então me identifico. São lindas as tuas palavras!

Ariane Oliveira disse...

não há formas de se esquivar e não sentir a fundo sobre o que você escreve, ( também esvaziamento e preenchimento por suas linhas.

Gleudo Milfont disse...

Ao som de Mary J Blide.
Parei aqui.
Tive que parar, suas palavras foram inteiras.
" muito menos me contentar com esse copo pela metade que me oferece na escuridão da esquina"

Pessoas querendo relacionamentos profundos sem pagar o preço de entrar no mar.
Adentrar esse castelo sem o medo de se perder para se encontrar.

Jóia.

Dóris Duval disse...

gostei especialmente desse, sabe?