02/12/2010

cenas de amor em sequências quebradas.

FADE IN



CENA 1.

Falou sozinha por entre carros, pessoas e bares. Deixava bilhetes em banheiros masculinos, eram bilhetes cegos de amor.

CENA 2

Era madrugada quando o telefone tocou, era ela querendo ouvir o seu “alô”. O seu amor platônico continuou na fase adulta.

CENA 3.

Pegou seu beijo no ar para nunca mais perder. Mal sabia que as mãos eram de outro.

CENA 4.

Silêncio, luz apagada, taças quebradas e corpos jogados no chão. Eram mortos pelos pecados cometidos. Não trocaram telefones, nem nomes. Era amor calado e subversivo.

CENA 5.

Voltava para casa de ônibus, era uma viagem longa, chorou nos sacolejos das ruas maltratadas. Vomitou no coletivo inteiro o seu amor chutado .

CENA 6.

As alianças eram apenas objetos, tinham filho e não havia teto para três. A conveniência camuflada de amor desapareceu nas fumaças de uma água fervida.


CENA 7.

Apenas durou um mês. Pediu a moça em namoro, ela correu e o deixou num sofrer miúdo e doído. Mal sabe que foi alívio.

CENA 8.

O silêncio não traduzia a falta de palavras e sim a paixão acabada. Ambos pereceram no ônibus cheio de rostos cansados pelo cotidiano.




FADE OUT


FIM

7 comentários:

Dominique Barenco disse...

Imaginei tudo tão nitidamente...

Unknown disse...

bom mesmo é que foi impossível não "mergulhar" contigo.

Rebecca Monteiro disse...

sempre tão lindas as coisas que voce escreve.
gosto mesmo é de afogar..


http://cloudsandbirds.blogspot.com/

Julia Peres disse...

"Vomitou no coletivo inteiro o seu amor chutado ." GOSTEI MUITO DESSE TRECHO...

continue tecendo...

- Matt Bernstein disse...

me lembrou bastante um conto chamado "15 cenas de descobrimento do brasil".

aqui e lá, cada cena, cada fragmentozinho, dá um arrepio, arrranca um suspiro da gente, quando chega ao final. incrível!

Gabriella Chame disse...

exatamente como acontece :]

Phany disse...

ual.