22/02/2012

poema torto em blues.


duas, três horas

é minha morte lenta que bate na porta
o tempo passando
as moças criando asas
e eu sendo levado 
como a madeira velha e carcomida de uma casa velha


lembro de noites regadas
de cerveja, risadas e nenhuma grande vitória
lembro de mim e do que não fui
tudo é blues, não?
alguma pitada de ironia poética e patética
se chama vida.


sou o cachorro que ladra e morde
nos pensamentos pecaminosos
a verdade é que sou nada
apenas um ser buscando algo que não tem
blind lemon jefferson me diz coisas
que nenhum amigo me disse
talvez não tenham o blues que esse nêgo tem
talvez eles não tenham blues
talvez.


e eu vivo enquanto não cerrarem meus olhos para ver as moças de ocasião caminhando ou a banda passar cantando coisas de amor, irei escrever alguma coisa sem nexo algum, para pessoas que nem eu mesmo sei quem são.

Um comentário:

Anônimo disse...

gosto tanto da sua poesia, sinto falta.